El Dorado
Na região hoje conhecida como floresta amazónica, teria existido uma cidade secreta e encantadora, e que suas construções eram recobertas e decoradas com ouro. O metal era tão farto que o imperador da cidade tinha o hábito de se cobrir com ouro em pó, para ficar com a pele dourada. Os boatos sobre esta lendária cidade teriam surgido no século 16, narrada pelos índios aos espanhóis na época da colonização das Américas. O que levou os conquistadores espanhóis a se aventurarem na floresta tropical à procura de fortuna, seguidos ao longo dos séculos por outros convencidos de que encontrariam uma civilização perdida que rivalizasse com os Astecas e Incas. Eldorado, do castelhano que significa "O Dourado" viria a designar a cidade em si, mas também pelo fato de o líder dessa civilização ser chamado de o príncipe Dourado (ou “El Dorado”). As histórias sobre o príncipe Dourado se inspiravam na antiga civilização chibcha, que teria existido na Colômbia antes da invasão europeia. Adoradores do Sol, os chibchas consideravam o ouro uma encarnação terrena da sua divindade favorita, o Deus-Sol. Uma vez por ano, o cacique chibcha se cobria de pó de ouro, pegava uma jangada até o centro da lagoa de Guatavita, que ficava próxima à actual cidade de Bogotá, e ali fazia uma oferenda com objectos de ouro. Esse ritual, praticado por centenas de anos, já havia desaparecido quando os espanhóis invadiram a América do Sul. Mas a imaginação dos europeus se misturou a relatos dos índios, e a história foi ficando cada vez mais impressionante. A capital de Eldorado seria uma cidade chamada Omágua ou Manoa, cheia de templos e palácios reluzentes e atravessada por cordilheiras de ouro maciço. O país seria habitado por estranhas criaturas chamadas ewaipamonas – uma raça de homens sem pescoço, cujo rosto ficava na altura do peito. E as fronteiras de Eldorado seriam defendidas por mulheres guerreiras, que foram baptizadas de “amazonas” – nome que foi inspirado por uma nação de mulheres-soldados da mitologia grega.
Expedições
Em 1534, logo depois que os espanhóis completaram a conquista do Império Inca e refundaram a Kitu dos incas como San Francisco de Quito (no actual Equador), um índio foi lá solicitar ajuda dos espanhóis para a guerra de seu povo contra os muíscas. Ele afirmou que na terra dos muíscas havia muito ouro e esmeraldas e descreveu a cerimónia do homem coberto de ouro que, durante séculos, despertaria a cobiça dos conquistadores.
Cronistas relatam que, assim que o impulsivo Sebastián de Belalcazar ouviu a história, exclamou "Vamos procurar esse índio dourado!" Mas não foi o único. Belalcazar saiu de Quito em busca de El Dorado já em 1535, mas Nicolas de Federmann, que saiu da Venezuela no mesmo ano; e Gonzalo Jiménez de Quesada, que partiu da costa norte da Colômbia no ano seguinte. O último foi o primeiro a chegar à terra dos muíscas, perto de Bogotá e conquistá-los, em 1537. Os outros dois disputaram seu domínio da região em 1539, mas submeteram-se à arbitragem do rei da Espanha, que concedeu o governo da região de Popayán (ao sul) a Belalcázar. Quesada obteve os títulos de marechal do Novo Reino de Granada (nome que dera à região) e de Governador de El Dorado, voltando em 1549. Federmann nada obteve e foi processado pela família Welser, que financiara sua expedição, acabando por morrer na prisão.
Em 1568, com 60 anos, Jiménez de Quesada recebeu a missão de conquistar Los Llanos ("As Planícies"), a leste dos Andes, com a ideia de encontrar Eldorado. A expedição partiu de Bogotá com 400 espanhóis e 1.500 indígenas e alcançou a confluência dos rios Guaviare e Orinoco, mas não pôde prosseguir e retornou quatro anos depois, derrotada e reduzida a 70 homens. Com sucessivas explorações, a localização do suposto Eldorado foi se deslocando cada vez mais para leste, em território do que é hoje a Venezuela e depois o actual estado brasileiro de Roraima e as Guianas.