quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Existem duas versões do nascimento de Teseu. Segundo uma, ele é filho do deus do mar Posídon, enquanto a outra refere que ele é filho de um homem mortal, o rei Egeu. Atena disse a Etra que ela tinha de ir ao templo fazer um sacrificio ao fantasma do cocheiro sepultado por perto. Etra foi ao templo no dia seguinte e aí encontrou Posídon esperando por ela para lhe tirar a virgindade à força. Nove meses mais tarde, veio ao mundo Teseu, que cresceu em Trezeno, como herdeiro do reino. Era completamente invulgar a deusa virgem Atena aprovar um relacionamento sexual dentro do templo, mesmo que fosse com alguém do Olimpo. Mas, desta vez, ela não só aprovou, como foi responsável pelo envio da rapariza ao atacante. Isto porque, para ela, era mais importante que Teseu nascesse, do que manter o templo numa pureza virginal. Na outra versão, Etra entregou a virgindade ao rei Egeu, de Atenas, encorajada pelo pai. Após dois casamentos sem filhos, Egeu ansiava por um filho e perguntou ao oráculo de Delfos como poderia ser pai. O oráculo respondeu-lhe: «Não abras a tua pele de vinho até chegares a Atenas.» ele não entendeu o que queria dizer esta mensagem e, em vez de seguir directamente para Atenas, visitou o rei de Trezeno, Pitéu, que era um especialista na descodificação de mensagens dos oráculos, pelo que percebeu logo que o oráculo tinha ordenado a Egeu que se mantivesse casto até chegar a Atenas, visto que na primeira vez que teve relações sexuais com uma mulher, seria pai de um filho. Mas o rei de Trezeno não lhe explicou isso porque ele queria que a filha Etra se tornasse na mãe do filho de Egeu que seria o herdeiro do reino de Atenas. Nessa noite, ele persuadiu a filha a partilhar a cama com o hóspede e, de manhã, antes de partir de regresso a casa, Egeu pediu-lhe que seguisse no carro com ele até às portas da cidade. Aí ele encontrou um sítio onde havia um buraco profundo na estrada onde meteu as sandálias e a espada. Em seguida, empurrou uma enorme pedra com grande esforço até ela rolar para cima do dito buraco, tendo dito a Etra. «só um héroi poderá fazer mover esta pedrs e encontrar a minha espada e as minhas sandálias. Eu duvido que estejas grávida do meu filho, mas se estiveres, trá-lo aqui e deixa-o experimentar a força contra essa pedra. Se a conseguir mover, manda-o para Atenas com a espada e com as sandálias, para eu o reconhecer e o tornar herdeiro do meu reino. Não sera seguro para ele chegar a Atenas antes disso, no caso se um dos meus despreziveis sobrinhos tentar matar-me.» E dito isso, Egeu partiu. Nove meses mais tarde, Etra deu á luz a Teseu, que foi crescendo a corte do rei Pitéu. Quando tinha sete anos de idade, Héracles visitou-os, no caminho para um dos seus 12 trabalhos e deixou cair a assustadora pele de leão para ficar mais confortável no baquente de boas vindas. Todas as crianças ficaram aterrorizadas ao verem a pele de leão no chão, que parecia mesmo um animal vivo, mas Teseu agarrou um machado e correu para ele disposto a matá-lo, até que se apercebeu que era só a pele. Este foi o seu primeiro acto heroico, mas ainda não era suficientemente forte para deslcoar a rocha e retirar a espada do pai.


PERIGOS DA ESTRADA

Quando Teseu ja não era uma criança, a mãe levou-o até o local onde Egeu tinha enterrado as sandálias e a espada sob a pedra. O rapaz empurrou-a sem esforço e pôs a descoberto os sinais de reconhecimento do pai. Calçou as sandálias e, com a espada na mão, partiu para a longa jornada até Atenas. O caminho estava cheio de assassinos, como ele bem sabia, e poderia ter escolhido a via mais segura, por mar, mas queria afirmar-se como héroi. Teseu admirava Héracles e ansiava por conquistar a mesma glória que ele. Além disso, queria conhecer o pai em Atenas, não como um jovem desconhecido, mas como um herói de renome. Pouco depois de partir, Teseu encontrou Perifetes, o filho estropiado do deus coxo Hefesto que costumava esconder-se o subsolo junto à estrada para atacar quem passava com uma grande moca de bronze. Como apanhava as pessoas de surpresa, roubou e matou muitos viajantes, mas Teseu estava de sobreaviso. Quando Perifetes saltou para o caminho, atrás dele, Teseu voltou-se, agarrou-o, atirou-o ao chão e matou com a sua própria moca. Levou com ele a arma do crime, talvez numa imitação deliberada de Héracles, e que lhe serviria para matar muitos mais pelo caminho. Ao longo da estrada para Atenas havia um pinhal que servia de esconderijo a um bandido chamado Sínis, filho de Posídon. Sempre que capturava um viajante, costumava atar dois pinheiros e prender a vitíma a ambos, chegando mmesmo a forçar o desgraçado a servir de atilho. Em seguida, Sínis soltava as árvores o que despedaçava o infeliz. Teseu permitiu que Sínis o levasse o pinhal e até o ajudou a escolher dois pinheiros fortes e a atá-los, mas foi Teseu quem prendeu o bandido às àrvores, ignorando os seus pedidos de misericórdia. E assim, o facíonora morreu despedaçado, tal como tinha feito a muitos outros. A estrada passava depois por uma zona no vale de uma montanha com uma colina de um lado e uma escarpa abrupta que se precipitava no mar. Os viajantes que caíam ou tentavam contornar o sopé da montanha eram comidos por uma tartaruga, um dos servos de Hades. Um tratante chamado Círon dominava o caminho estreito da montanha. Costumava sentar-se numa pedra, no meio da estrada e exigia que todos os viajantes lhe lavassem os pés, como portagem. Mal as vitimas se ajoelhavam, o malvado dava-lhes um pontapé que os fazia cair pela montanha abaixo até ao mar, onde a tartaruga os aguardava para os devorar. Teseu chegou a pedra de Círon e deu-lhe um potente pontapé que a fez precipitar-se no mar e, com ela, seguiu Círon, que foi parar mesmo no meio da boca da tartaruga não tendo tido nem tempo para gritar durante a queda. Quase a chegar atenas, perto de Elêusis, vivia um lutador chamado Cércion, que obrigava a todos que pasassem por lá a lutar com ele e todos perdiam, não só a luta, como a própria vida. Teseu era bem mais dotado que um lutador e matou-o lançando-o ao chão e esmagando-lhe os ossos. Um pouco mais abaixo, na mesma estrada, vivia o pai de Sínis, Procrustes, outro bandido que que costumava oferecer aos viajantes uma cama para pernoitarem. Ele possuia duas camas: uma era muito comprida e outra muito curta. Metias as pessoas altas nesta última e cortava-lhes o que sobrava no comprimento. De forma idêntica, metia os que eram baixos na cama grande e esticava-os até ficarem do tamanho da cama. Todos os que passaram por esta medição, acabaram mortos. Teseu obrigou Procrustes a ir para cima da cama pequena e mediu-o e aparou-o até morrer. Quando teseu chegou a atenas, ja toda gente tinha ouvido falar do novo heroi que tinha feito com que a estrada se tornasse segura para os viajantes, mas ninguem sabia que ele era filho de Egeu e herdeiro do trono – ninguem, à excepção da mulher do rei, Medeia. Esta era a mesma medeia que tinha ajudado jasão a conquistar o velo de ouro. Agora, como rainha de Atenas, ela queria que o filho, Medo, fosse o herdeiro do trono do velho rei. Graças às suas artes mágicas, persuadiu Egeu a envenenar o novo campeão com vinho, no banquete de boas-vindas. A unica coisa em que teseu conseguia pensar era no momento em que o pai o reconhecesse. Aceitou a taça de vinho que este lhe estendia e entregou-lhe a espada. De repente o pai reconheceu a arma que tinha escondido há tantos anos em Trezeno. Arrancou a taça da mão de teseu e gritou bem alto: «Prendam essa malvada, a minha mulher!» Medeia não conseguiu esconder a sua culpa, pelo que foi banida de atenas juntamente com o seu filho Medo, enquanto teseu era aclamado como filho do rei e seu herdeiro.


TESEU, O NOVO HERDEIRO

Nem todos aplaudiram a chegada do novo herdeiro. Egeu tinha um irmão, Palas, que tinha 50 filhos. Durante anos eles tinha esperado vir a compartilhar o governo do reino entre si quando Egeu morresse agora planearam uma forma de atrair Teseu a um embuste e matá-lo. A sorte esteve do lado dele, que descobriu o plano e matou os 50 filhos de Palas. Depois disso, Egeu quis que o filho recém-aparecido ficasse em Atenas e não arriscasse mais a vida em aventuras, tanto mais que- como ele frisara a Teseu – a matança de tantos vilões durante o curso para Atenas, tinha granjeado uma reputação de herói. Não tinha, portanto, de provar mais nada a si mesmo ou aos outros. Mas Teseu mostrava-se inquieto na corte, como se estivesse numa prisão dourada. À primeira oportunidade, fugiu do palacio para ir em busca de outra aventura. Herácles tinha trazido um touro que lançava fogo pelas narinas, para maratona, como parte dos seus trabalhos, e estava agora enfurecido na planicie, aterrorizando os aldeões. Mal Teseu ouviu falar deste problema, descobriu uma forma de sair secretamente de Atenas e ir até à maratona. Muito antes de conseguir ver o touro, já se ouviam os seus urros que, no entanto, não eram suficiente para assustar o herói. O que herácles tinha conseguido antes dele, jurara Teseu a si próprio, havia de ser igualado. Avançou sem medo para o touro, sabendo com exactidão o que tinha de fazer. Com uma das mãos, agarrou-lhe um chifre, e com outra apanhou-lhe as narinas, depois empurrou a cabeça de um lado para o outro, e também para baixo, até que o touro se ajoelhou. Atou-lhe uma corda a volta do pescoço e não lhe deu mais problemas, seguindo atrás dele até Atenas.

O RAPTO DE HELENA

Teseu tinha um amigo, Pirítoo, rei de Lápitas, que era filho de Zeus. Cada um deles tinha um má influência no outro. Ambos achavam que os filhos dos deuses mereciam ter nas suas camas as melhores mulheres e que não se deviam ligar a nada menos que filhas de Zeus. Tinham ouvido falar de uma delas, Helena de Esperta, que tinha fama de ser a mais bela das raparigas e eles planeavam raptá-la e forçá-la a casar-se, lançando a sorte qual seria o felizardo. Não os incomodava nada o facto de ela ser ainda uma criança. Teseu ganhou e, com a ajuda de Pirítoo, raptou Helena, o que constituiu uma ofensa aos deuses já que a captura se deu no templo de Ártemis. Confiou-a à guarda da mãe, Etra, após ter casado com ela à força. Os irmãos de Helena, Castor e Polidectes vieram libertá-la e levaram Etra para Esperta, como escrava. Quando Helena voltou a ser raptada, anos mais tarde, por Páris de Tróia, a mãe de Teseu foi para Tróia com ela, pois continuava a ser sua escrava. Teseu não se interessou por essa aventura que trouxe a mãe anos e anos de sofrimento e humilhação. Pirítoo e Teseu não aprenderam nada com isso, pois o plano falhado que se seguiu consistia em trazer outra filha de Zeus, Perséfone do mundo dos mortos. Esta tentativa terminou com ambos a serem lançados para tronos do mundo das sombras, de onde Herácles salvou Teseu, mas onde Pirítoo permaneceu para sempre. Teseu desejou ardentemente igualar os feitos de Herácles e, até ao momento, tinha provado a si mesmo ser um herói a tratar com homens terriveis, mas o seu comportamento com as mulheres, tinha provado a si próprio ser um malandro.

OS MITOS DE CRETA

Os mitos gregos de Creta falam de um reino compempôraneo das familias reais de Tebas e Atenas, mas com poderes superiores aos dos reinos da Grécia continental. Existem provas arqueologicas que sugerem que estes mitos de Creta lançam um olhar retrospectivo para um reino que ja existiu muito antes de Tebas, Micenas ou Atenas se terem tornado cidades poderosas. A civilização cretense, também chamada de minóica, designação derivada do rei mítico Minos, prolongou-se por 1500 anos mas entrou em declinio após a erupção vulcânica de Tera, por volta de 1450 AC. Os cretenses adoravam uma deusa mãe e peças de cerâmica que chegaram até aos nossos dias mostram homens jovens executando uma dança com um touro, distorcidas ao longo de gerações, podem ter contribuido para a história do minotauro cretense.

MINOS E O MINOTAURO

Minos era um dos três filhos de Zeus e de Europa. Tornou-se rei de Creta, após uma luta pelo poder travada com os irmãos. «Manda-me um touro dos mares» pedira Minos a posídon. «para confirmar que tenho o direito de reinar» um magnifico touro branco nadou até a costa de creta, onde Minos deveria tê-lo sacrificado em honra do deus do mar, mas ele ficou tão embevecido com o touro que não pôde suportar a ideia de o matar. Manteve-o por isso entre o seu gado e sacrificou um animal inferior em seu lugar, esperando que posídon não desse conta da diferença. Mas Posídon não era parvo e também não tardou a vingar-se. A rainha Pasífae, mulher de Minos, também reparou na beleza magnifica do touro branco, pelo que Posídon pediu a Afraudite, a deusa do desejo, para atiçar em Pasífae o desejo do animal, e ela tornou-se obcecada pela ideia de manter relações sexuais com o bicho, mas corria o risco de ser pisada e esmagada, caso se aproximasse do touro sem proteção, pelo que recorreu ao inventor grego Dédalo para encontrar uma solução. Este construiu uma vaca de madeira dentro da qual Pasífae poderia se ocultar, qualquer coisa como uma miniatura do cavalo de tróia, e o touro foi enganado com o estratagema. Pasífae ficou gravida do touro e nove meses depois deus a luz a um filho astério. Este nome em grego significa «estrelado», só que ele nasceu com a cabeça e o torso inferior de um touro e a parte inferior com a forma de homem, e era vulgarmente conhecido pela alcunha o Minotauro (que significa «o touro de minos»). O rei minos sentiu-se envergonhado e ultrajado com o nascimento do monstro e quis esconde-lo dos habitantes da ilha. Pediu por isso a Dédalo para construir um labirinto em Knossos, um espaço enorme, subterrâneo, com uma porta fechada a cadeado e que era a única entrada e saída. Minos esperava que o minotauro aí vivesse em total segredo. Entretanto, Pasífae recuperou do desejo louco que Afrodite lhe tinha imposto e voltou a ser uma esposa fiel. O rei e a rainha continuaram assim até ter outros filhos, entre os quais duas raparigas, Ariadne e Fedra, e um rapaz Andrógero. Este último viria mais tarde a deslocar-se para Atenas, para tomar parte em jogos atléticos, conquistando todos os títulos. O rei de Atenas, Egeu, começou a suspeitar que este campeão não era só um atleta mas também um apoiante dos rebeldes que estavam a causar problemas no reino. Pelo que lhe armou uma emboscada, quando ele regressava a casa, de que resultou a sua morte às mãos dos homens de Egeu. Este crime viria a ser o ponto de partida para uma guerra entre Atenas e Creta, que viria a terminar com a derrota dos atenienses. A punição foi o fornecimento de 7 rapazes e 7 raparigas, de nove em nove anos. Toda gente sabia que estes jovens estavam condenados a serem comidos pelo minotauro.

DÉDALO E ÍCARO

Após Dédalo ter construido o intrincado labirinto em Creta, Minos aprisionou-o juntamente com o filho Ícaro numa torre. A intenção era manter secreta a existência do minotauro, mas mesmo sabendo dos mexericos que grassavam por todo o lado, a principal razão para o secretismo era o desejo de deter o escândalo acerca da mulher Pasífae e o touro. A torre onde Minos tinha aprisionado Dédalo e o filho era bastante alta e eles encontravam-se no cimo. As escadas eram mantidas sob vigilância permanentemente, pelo que o rei estava seguro de que não poderiam fugir e por isso também não se preocupou com grilhões. Dédalo olhou à volta do espaço para ver se descortinava alguma forma de fugir. Tinha com ele pedaços de cera e nos cantos da sala havia folhas e penas arrastadas pelo vento para dentro da janela. A torre nunca tinha sido limpa desde a sua construção. Dédalo juntou as penas e fez dois pares de asas com elas, colando-as com a cera. Escolheu para ele o par maior e deu o outro a Ícaro. «Tem cuidado.» - Recomendou ele ao filho. - «Tens de seguir perto de mim. Não podes aproximar-te do mar, pois cairás se as penas se molharem; também não poderás aproximar-te do sol, porque cairias se a cera aquecesse e derretesse.» Pai e filho passaram pela janela e voraram para fora da torre. Os cretenses que os viam pensavam que eram deuses imortais. Passaram voando sobe muitas das ilhas gregas e Ícaro começou a ficar aborrecido com o ritmo lento que o pai impunha assim como a altura sem variações a que seguiam. Certamente, pensou ele com os seus botões, o pai não daria conta se ele tentasse fazer umas manobras com as suas esplêndidas asas. Começou a fazer voos picados e saltos mortais pelos céus, cada vez voando mais alto, até ficar demasiado proximo do sol. A cera derreteu num instante o que fez com que se precipitasse no mar onde se afogou. Quando o pai olhou para trás, já só viu uma série de penas flutuando na água. E foi assim que o maior inventor, Dédalo, ajudou o filho a encontrar a liberdade, mas também a morte. Anos mais tarde, Minos tentou forçar Dédalo a regressar a Creta, mas como não sabia para onde ele tinha ido, forjou um plano para o encontrar que era digno do próprio Dédalo. Minos ofereceu uma recompensa a quem conseguesse passar um fio por uma concha em esperial, desde a abertura até a ponta, convencido de que só Dédalo seria suficientemente inteligente para resolver a questão. Dédalo fez um furo na ponta da concha e besuntou-o com mel. Depois atou o fio numa formiga grande que enfiou pela abertura da concha, lá encontrou o caminho para chegar ao mel, arrastando consigo o fio. O rei da Sicília recebeu o prêmio e acabou depois por confessar a minos que, na realidade, o problema tinha sido resolvido pelo hóspede, um grande inventor. Minos dirigiu-se à Sicília em busca de Dédalo, mas as filhas do rei siciliano não quiseram perder a companhia do amado hóspede e atiraram com Minos para dentro de um banho onde o viriam a matar. A última invenção de Dédalo para Minos foi um tubo que partia do telhado por cima da banheira onde ele se encontrava e através do qual as princesas verteram água a ferver até que o rei de Creta morreu.

TESEU E ARIADNE

Quando chegou a Atenas como um herói, Teseu não sabia nada dos reféns que estavam a ser enviados para Creta para morrerem, mas notou de imediato que as pessoas da cudade estavam mais ansioas do que o normal e que no palácio tinham lugar rituais pesarosos. Quando lhe foi contado o que se passava, tomou logo a decisão de ajudar, pelo menos assumindo o lugar de um dos reféns que estavam para partir. Egeu esforçou-se desesperadamente para o convencer a não ir. Mas Teseu anunciou a decisão na praça do mercado e, uma vez tornada pública, o rei tinha mesmo de o enviar para Creta. «Não te atormentes mais.» - Disse Teseu - «eu prometo trazer todos os reféns de volta em triunfo, juntamente com a cabeça do minotauro.» A sua afirmação foi tão convincente qe Egeu lhe deu umas velas brancas para equipar o barco na viagem de regresso. Até então, o barco que fazia a ligação entre Atenas e Creta com a sua carga infeliz era equipado com velas negras, que significavam morte e luto. Agora, Egeu ousava esperar que veria o barco regressar com velas brancas de felicidade. Durante a viagem, Teseu disse ao capitão do navio que tanto ele como os seus homens tinham de pernoitar em Creta prontos a partir a qualquer momento. O barco chegou ao porto de Creta e o rei Minos foi a bordo inspecionar os reféns acompanhado pela mulher e pela filha Ariadne. A princesa apaixonou-se por Teseu mal o viu e, quando seguiam em procissão para o palácio, aproveitou um oportunidade para lhe sussurrar ao ouvido «O minotauro é meu meio-irmão, mas se quiseres casar comigo, ajudar-te-ei a matá-lo.» Teseu concordou com um aceno de cabeça e uma grande satisfação; a sorte, como habitualmente, traçava-lhe o caminho, ou seria obra da dourada Afrodite, a deusa do desejo, a quem ele tinha feito um sacrificio mesmo antes de partir de Atenas?


ATRÁVES DO LABIRINTO

Ariadne arranjou uma forma de Teseu assinalar o percurso atráves do escuro labirinto de modo a que pudesse encontrar o caminho para a saída após acabar com o minotauro. Ela deu-lhe um novelo de fio e disse-lhe para atar a ponta à porta. O fio iria sendo desenrolado à medida que ele fosse andando pelo labirinto, e para encontrar o caminho de volta, só tinha de seguir o fio pois este lavá-lo-ia à saida. À noite, os reféns foram levados para a entrada e empurrados, um a seguir ao outro, para a escuridão que cheirava a carnificina. Teseu conseguiu atar o fio de Ariadne à porta mal ela foi fechada e ordenou aos atenienses para se manterem ali e não e não se porém a andar, o que faria com que se perdessem, enquanto ele ia penetrar no labirinto, encontrar o monstro e matá-lo. Não dispunha de qualquer arma, evidentemente, e foi tacteando na escuridão. Parando e escutando a cada curva do labirinto. Por fim, ouviu o minotauro, que aguardava pacientemente pela primeira vitima para começar a espalhar o pânico e a gritaria. Teseu travou a sua mais dura luta, no escuro, de mãos vazias, contra um inimigo munido de chifres aguçados, mas o minotauro tinha-se habituado a dar-se por satisfeito com a sua limitada dieta de atenienses aterrorizados e julgou mal este oponente. Assim, Teseu conseguiu atirá-lo ao chão, pegar-lhe pelos chifres e torcer-lhe a cabeça a cabeça até lhe partir o pescoço. Ariadne roubou a chave do labirinto a aguardava com a porta aberta, juntamente com os reféns atenienses, que Teseu chegasse agarrado ao fio. Correram todos para o porto e saltaram para dentro do navio que se fe à vela rumo a Atenas. O capitão e a tripulação não perderam tempo enquanto aguardaram no porto. Aproveitaram a escuridão para fazer buracos na maior parte dos navios cretenses, tendo deixados uns poucos que ainda ficaram em condições de navegar. Alguém deu o alarme e os habitantes de Creta precipitaram-se para os seus barcos para evitar que Teseu partisse, mas no meio de uma grande confusão só uns poucos conseguiram chegar perto do barco ateniense, mas foram incapazes de o impedir de seguir o seu ramo. Foi um viajem tranquila e, passados poucos dias, Teseu e Ariadne chegaram à ilha de Naxos. Ariadne adormeceu à beira-mar e Teseu rastejou silenciosamente para dentro do barco e partiu. Ninguém sabe por que razão ele a abandonou. Ter-se-ia arrependido da promessa de casar com ela? Terá recebido instruções de Dioniso que planeava desposá-la? Ou estaria ele farto dela após meia dúzia de noites de prazer, e até já andasse em perseguisão de outra mulher? Fosse qual fosse a razão, a surpresa e o desgoto de Ariadne ao acordar, não duraram muito. Ele pediu ajuda aos deuses e dioniso apareceu de imediato com os companheiros de vadiagem, pronto a casar com ela na hora. A coroa que ela usou neste casamento viria depois a ser posta nos céus como coroa boreal. Teseu seguiu a Atenas sem ela. No tumulto das aventuras, Teseu esqueceu-se de mudar as velas pretas para brancas, pelo que o rei Egeu, que aguardava a sua chegada do cimo da acrópoles, um alto rochedo com lados em precipicio, viu as velas pretas e, julgando que o filho tinha morrido, atirou-se de Acróples para a morte e é em homenagem a ele que o mar Egeu tem o seu nome.


O REI DE ATENAS

Teseu tornou-se então rei de Atenas e governou durante muito tempo e, na maior parte dele, de forma sensata. Uma das suas decisões menos ponderadas foi o casamento com a amzona Hipólita, a mesma mulher a quem héracles tirou o cinto durante uma das suas tarefas; outras versões da histórias não referem Hipólita, mas sim a irmã Antíope. Fosse qual fosse a Amazona, a verdade é que Teseu a violou e a levou para Atenas, onde mais tarde ela viria a dar à luz o filho Hipólito. As irmãs de Hipólita ainda foram atacar Atenas, sem sucesso e, para cúmulo ainda tiveram o azar de matar Antiope (ou seria Hipólita?) com uma seta, durante a luta. A mulher seguinte foi igualmente uma escolha irreflectida de Teseu. Tratou-se de Fedra, filha do rei Minos e de Pasífae, e irmã de Ariadne, a quem ele abandonara na ilha de Naxos. Quando Teseu levou Fedra para Atenas ela ficou entusiasmada por Hipólito, o qual não tinha o menor interesse por ela. Afrodite tinha-a infectado com esta loucura amorosa por estar ofendida com Hipólito, que tinha feito votos de castidade a deusa virgem Ártemis desprezando o desejo sexual da deusa. Fedra adoeceu de anseio ardente. Por fim, a sua aia descobriu o seu desejo secreto e aproximou-a de Hipólito, que estava com qualquer mulher, mas não com a esposa do pai. Em seguida, Fedra ficou cheia de medo de que Hipólito dissesse a Teseu do seu desejo pecaminoso por ele e, em desespero, enforcou-se tendo deixado uma placa de cera contendo acusação de que Hipólito tinha tentado violá-la. Teseu acreditou na mulher e condenou seu filho ao exílio. Posídon tinha, havia muito, dado a Teseu o dom dos três desejos, e agora ele usava um deles para desejar a morte ao filho. E assim aconteceu, quando Hipólito conduzia o carro ao longo da costa, afastado de Atenas. Posídon fez estremecer a terra e enviou um touro do mar, o que fez com que os cavalos ficassem completamente desnorteados, galopassem pela praia e arrastassem Hipólito para a morte. Há quem diga que a constelação Cocheiro representa Hipólito. A deusa Ártemis apareceu a Teseu e revelou-lhe a verdade, ou seja, a inocência do filho. Se fosse permitido aos deuses chorarem, ela teria chorado pela morte do amigo muito querido. Teseu não teve mais nenhum acto digno de notar até a sua morte. Graças aos seus dotes, libertou o mundo de muitos homens malvados, mas a sua vida foi cheia de problemas, em larga medida provocados por ele, especialmente os seus comportamentos imprudentes e loucos com as mulheres.